Eu tenho um grande defeito. Sempre que me dão ordens tenho 95% de tendência a contrariá-las. Vá-se lá saber porquê. Mas quem quer conseguir alguma coisa de mim tem que pedir com jeitinho. Não há cá “faz isto”, “faz aquilo”, “tens que”, “estás proibida de”, “não voltes a”, etc., etc. e tal.
Então se uma frase destas é vinda de alguém que muito me está a magoar... ui! Preciso de uns minutos, umas horas, para processar toda a informação, mas depois... É isso que não queres? É isso que vais ter!
Bem, não é bem assim, que apesar de eu poder explodir quando estou, de facto, chateada com alguma coisa, eu também não sou má, tipo as vilãs das novelas.
Mas até hoje há uma frase que ainda ecoa nos meus ouvidos: “Estás PROÍBIDA de virar os meus amigos contra mim.” Sim querido, foi exactamente essa a primeira coisa que me passou pela cabeça, não tenhas dúvidas. Palhaço! “Estás PROIBIDA de falar com os meus amigos! Eles são só MEUS AMIGOS! MEUS AMIGOS!”. Egoísta, não? Quer os amigos só para ele.
Mas vamos analisar a situação. Eu passei um vasto período da minha vida convivendo com pessoas novas para mim. Conheci-as, falei com elas, com umas mais do outras e, agora, de repente, vem me ordenar que eu esqueça todas as pessoas que conheci, algumas das quais com quem simpatizei imenso, porque para ele são amigos só dele?
Eu é que não vou ser parva. O tempo que desperdicei com aquele crápula tem que servir para alguma coisa e, neste caso, se possível para eu aumentar o meu núcleo de amigos. Eu simpatizei com as pessoas, elas simpatizaram comigo, qual o mal de falarmos? Agora também existe alguma lei sobre a exclusividade de amigos?
E, contrariamente ao que ele pensa, eu não sou uma pessoa malvada que vira as pessoas umas contra as outras, mas já que ele julga que eu sou assim isso é problema dele. Mas, já que me quer dar a fama, vou aproveitar e conviver com quem conheci. São pessoas boas e simpáticas e se pudermos ser amigas, porque não?
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