domingo, 18 de dezembro de 2011

Tenho vizinhos estranhos!

Desde que me lembro que tenho estas vizinhas aqui no prédio. Foram jovens que viviam com os pais, depois uma casou, saiu de casa até que, anos depois voltou com um monte de crias.
Isto seria uma história normalíssima, não fosse a mãe delas viver num apartamento, as primas no outro, e, agora recentemente, a irmã comprar o outro apartamento por cima e a tia o outro do lado. E, de repente, viverem todos como se o prédio fosse apenas daquela gigante família dividida por inúmeros apartamentos, em que o abre e fecha a porta é constante. As crianças não param de sair de uma porta e entrar na outra. E todos os dias é uma grande algazarra à hora do jantar, quando a gigante família se junta apenas num dos apartamentos. Aqui parece que não há o conceito do filha casa, os pais ficam longe!
Depois, com os vizinhos acontecem peripécias estranhas na intercomunicação com esta gente. O tio estranho desta família, a morar aqui há poucos meses, abre a porta de casa e mete-se, subitamente, numa conversa de vizinhos que nada tem a ver com ele: “Eu vou ligar ao meu advogado! O senhor está a levantar falsos testemunhos!”. E ficam os senhores da conversa a olhar para ele com cara de parvos: “Como é?”. As crianças esquecem-se do cachorro mini na escada, que se acha valente e impede os vizinhos de saírem, a mostrar os dentes afiados e a ladrar incessantemente. Confesso que cheguei a ter vontade de lhe espetar uma biqueirada por ele me estar a bloquear o caminho, mas a minha voz de zangada a falar com o cão, fez os senhores irem ver o que se passava e: Ups! Deixámos o cão na escada! (Bem, isto sou eu a pensar o que lhes passou pela cabeça, porque mais do que uma vez encontrei ali o animal a ladrar furiosamente, ou seja, não me parece que fosse esquecimento.) No outro dia, foi um dos gatos que se escapuliu da casa e andava a vaguear pela escada. Que raios de donos são aqueles que não reparam pelos bichos todos a sair pela porta de casa, heim?? Enfim...
Mas, à excepção disto tudo, sempre houve uma relação cordial entre mim e este gigantesco conjunto de vizinhos. Era “Bom dia!”, “Boa tarde!”, etc., como mandam as regras da boa educação. Até ontem.
Saio, como de costume, aperaltada, para um jantar com amigos, e cruzo-me com duas das personagens desta família, uma de cada apartamento, a entrar no prédio. A única explicação que encontro é a mini-saia tamanho S que eu usava e os saltos de dez centímetros terem causado inveja na jovem senhora, que nunca foi esbelta e que nunca vestiu menos do que o XXL nem usa saltos. Porque como de costume disse “Boa noite!” ao me cruzar com eles e “Obrigada!” por a senhora ter ficado a segurar a porta quando entrou para eu sair. O tio estranho da senhora responde-me normalmente e ela, com um olhar furioso, manda-me dois berros: “BOA NOITE! OBRIGADA!”.
E fiquei eu a pensar: “Está a agradecer-me o quê??”

(E, não, aqui não há a hipótese de ela não me ter ouvido falar e agradecer, que ouviu. Disso tenho a certeza.)

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